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Um teatro Made in China

  • Foto do escritor: Jessica Ullmann
    Jessica Ullmann
  • 19 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jun. de 2021

O Teatro de Objetos pertence ao nosso tempo e à nossa sociedade.

É um Teatro que nasce no final do século XX,

em um mundo invadido por objetos Made in China.



O Teatro de Objetos é uma vertente do Teatro de Animação, que surgiu na madrugada do dia 02 de março de 1980, por três companhias de Teatro de Animação:


· Théâtre de Cuisine – Katy Deville e Christian Cariignon;

· Vélo Théâtre – Tania Castaing e Charlot Lemoine; e

· Théâtre Manarf – Jacques Templeraud;


Mas isso não significa que antes desta data não se fazia Teatro de Objetos. Podemos citar o exemplo de Peter Ketturkat, que desde 1978 se dedicava ao uso de objetos nas suas encenações, porém tomando uma perspectiva particular. Até mesmo no Brasil, no ano de 1974, o diretor teatral Ilo Krugli, do grupo Vento Forte, estreou o espetáculo História de Lenços e Ventos, cuja personagem principal é um lenço azul.


Para Genty, o Teatro de Objetos é uma vertente do Teatro de Animação, que se vale de objetos prontos no lugar de bonecos, deslocando-os da sua função e conferindo-lhes novos significados, sem transformar, porém, a sua natureza, explorando uma dramaturgia que se vale de figuras de linguagem, em detrimento da importância da manipulação propriamente dita. (VARGAS, 2010)


Ainda segundo Vargas, os objetos ganham novos significados a partir de sua natureza, associados a partir de sua forma, tamanhos, cor, textura, função, etc. Os objetos criam, no espectador, associações metafóricas que os transformam em outra coisa além da denotação óbvia que representam, porém sem deixarem de ser efetivamente aquilo que são em sua essência.


Ao ator cabe o jogo de manipulação dos objetos, que pode lembrar tanto brincadeiras de criança, quanto simples ilustrações de uma narrativa. Porém, há aspectos técnicos de devem ser levados em consideração, como:


· O ator deve ser capaz de direcionar o foco de atenção do público para o objeto, para si ou para o jogo entre eles;


  • · A escolha dos objetos, um ponto de partida citado pela atriz Sandra Vargas, é a relação de “famílias” de objetos, como utensílios de cozinha, ferramentas, brinquedos. O uso de diferentes “famílias” pode interferir no jogo metafórico, dificultando a relação entre os objetos selecionados.


  • · A qualidade dos movimentos, das dinâmicas e dos ritmos para a manipulação do objeto permitirá associar o objeto à imagem ou à ideia que se persegue. Não é aconselhável apresentar um objeto sem antes explorar seu funcionamento e movimentá-lo. O objeto passa a ser algo, além dele mesmo, quando se sobrepõem a uma segunda ideia, diferente de si que crie uma relação com ele. Essa ideia pode ser passada a partir do texto do ator, por meio de sons e músicas ou pelo movimento aplicado no objeto. A movimentação deve ser explorada a partir do funcionamento cotidiano, normal do objeto, para que ele nunca deixe de ser o que realmente é.


O Teatro de Objetos guarda o seu potencial naquilo que é capaz de despertar de mais profundo e revelador daquele artista por meio de seus objetos. As histórias apresentadas através do Teatro de Objetos na sua grande maioria são autobiográficas, íntimas e autorais. Segundo Carrignon e Mattéoli (2006), “qualquer que seja a história que conte, o Teatro de Objetos fala sobre nós, por meio das coisas manufaturadas reconhecíveis por todos. O Teatro de Objetos fala das coisas cotidianas”. No Teatro de Objetos, muitas vezes, o texto é autoral, pessoal, individual, e, portanto, vinculado ao ator que o criou.


Infelizmente, há pouca circulação de espetáculos de Teatro de Objetos pelo país, fazendo com que as companhias desenvolvessem os seus trabalhos sob uma única perspectiva, gerando certa entropia e uma pequena variedade de espetáculos. O contato com companhias estrangeiras contribui para troca de experiências, aprendizado de diferentes abordagens do gênero e para apontar outros caminhos aos artistas brasileiros. A criação de festivais específicos também fomenta o desenvolvimento deste cenário no país.






Referências

VARGAS, Sandra (2018). O Teatro de Objetos: história, idéias e reflexões. Móin-Móin - Revista De Estudos Sobre Teatro De Formas Animadas, 1(07), 027-043. https://doi.org/10.5965/2595034701072010027.

MORAES, Ana Carla Machado de. O ser animado: análise da animação de objetos com referência nas ações básicas de esforçoes de Rudolf Laban. 2012. 66 f. Dissertação (Mestrado em Artes) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2012.

NUNES. Luís Artur. O diálogo entre teatro de atores e formas animadas: relatos de uma experiência. Móin-Móin – Revista de Estudos Sobre Teatro de Formas Animadas, 1(07), p. 144-158. Disponível em <https://doi.org/10.5965/259503470107201014>, acessado em 07 de abril de 2021.


Projeto executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc n°14.017/20.

 
 
 

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